Ingestão de frutose acende debate na Semana da Nutrição

Especialistas alertam que o problema é o consumo em excesso de alimentos industrializados e não de frutas in natura

Na Semana da Nutrição, do Calendário do Ministério da Saúde, ganham destaque a ingestão de produtos industrializados ultraprocessados, o consumo de açúcar refinado, sal e gorduras saturadas. A ingestão elevada está intimamente relacionada às doenças crônicas, como diabetes mellitus do tipo 2, hipertensão arterial, alguns tipos de câncer e até mesmo doenças cardiovasculares. A frutose é outra substância que tem causado alarde e o consumo desse tipo de carboidrato tem gerado dúvidas.

O nutricionista da Ubermedic Saúde, Marlon Moreira, explica que a frutose que vemos nos rótulos dos alimentos ultraprocessados é derivada do milho, ou seja, é um xarope de milho. “Seu uso garante sabor mais doce dos alimentos e, com isso, garante maior ingestão por parte dos consumidores”, reforça.

Mestre em Atenção à Saúde pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) e membro do Núcleo de Estudos em Atividade Física & Saúde (Neafisa), Marlon afirma que o consumo excessivo da frutose, derivada do xarope de milho, significa a ingestão de calorias extras e, consequentemente, leva ao ganho de peso indesejado e ao maior risco para doenças.

As frutas, por sua vez, apresentam uma quantidade muito pequena de frutose. Mesmo priorizando o consumo diário de três a cinco porções de frutas, conforme a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), não há com o que se preocupar, analisando que há baixa concentração de frutose nestes alimentos. “Além disso, as frutas também são fontes de outros nutrientes, como fibras, vitaminas e minerais. Sabemos, também, que estão relacionadas à prevenção de doenças e manutenção do peso de forma saudável”, explica.

Para se ter uma ideia, ao ingerir um litro de refrigerante ao longo do dia, uma pessoa consome cerca de 100 gramas de frutose (xarope de milho). Seriam necessárias, aproximadamente, 40 bananas de tamanho médio ou cerca de 30 laranjas para atingir os mesmos 100 gramas – quantidade muito superior ao recomendado de consumo diário de frutas.

De acordo com Marlon, o problema é o consumo em excesso de alimentos industrializados e não de frutas in natura. “O ideal é sempre observar os rótulos dos alimentos que você compra e limitar a ingestão de produtos industrializados, como refrigerantes, sorvetes, molhos de tomate, barras de cereais entre outros. Priorize o consumo de açúcar proveniente de frutas naturais. Assim, além de consumir um tipo de açúcar mais puro, você também aumenta a ingestão de fibras e antioxidantes”, pondera Marlon.

O especialista salienta que, em casos de dúvidas sobre quantidades, o mais indicado é procurar um especialista para orientação.

FOTO DIVULGAÇÃO – O nutricionista da Ubermedic Saúde, Marlon Moreira, adverte sobre a necessidade de observar os rótulos dos alimentos e limitar a ingestão de produtos industrializados