Prefeito Paulo Piau mobilizou na última quinta-feira (19) deputados, vereadores, representantes de entidades de classe e secretários municipais para externar a insatisfação da comunidade uberabense com a decisão da empresa Mosaic de implantar um Centro de Soluções Compartilhadas em Uberlândia. O prefeito tomou conhecimento da decisão no final da noite de quarta-feira (18) e desde então iniciou uma série de contatos que resultaram em reunião na tarde do dia(19), com os representantes da empresa Elias Lima, Paulo Eduardo e Luiz Maurício.
Piau lembra que a empresa está em Uberaba desde 1977, sendo abraçada pela comunidade e governo, estando em um dos melhores distritos industriais do Brasil. “Uberaba é referência no agronegócio brasileiro. Tem o maior polo de Fertilizantes Fosfatados da América Latina. É referência no segmento de fertilizantes no mundo. Não vamos admitir que uma oportunidade desta não seja dada a nossa cidade. Se tem a fábrica aqui, e o negócio está aqui, por que não gerar estes empregos em nossa cidade?”, destacou.
O prefeito destacou ainda que a nota da empresa, que foi veiculada inclusive pela imprensa hoje, “foi infeliz e não condiz com a realidade, ao afirmar que a opção por outra cidade, foi em razão de mão de obra, saúde, infraestrutura, entre outros. Quem fez este levantamento não conhece os dados da cidade, mas fazemos questão de mostrar e apresentar o perfil econômico de Uberaba, que tem sido procurada por diversas empresas que querem se instalar aqui”.
A mobilização capitaneada pelo prefeito envolveu o deputado federal Marcos Montes, ex-deputado estadual Tony Carlos, vereador presidente Luiz Dutra e vereadores Fernando Mendes, Agnaldo Silva, Tiago Mariscal, Samuel Pereira, Ronaldo Amâncio, Ismar Marão, Franco Cartafina, Cleomar Barbeirinho, Luciene Faquineli, representando o deputado estadual Antônio Lerin, representantes de outros vereadores, representante do Ministério das Cidades – Diretoria de Melhorias Habitacionais – Marcos Jammal, secretários municipais e o G9, com representantes de suas entidades de classe.
Assim que o prefeito abriu a palavra, o primeiro a expor sua indignação foi o deputado federal Marcos Montes que taxou a decisão da empresa de “punhalada nas costas”. Segundo o deputado, que também se colocou como ex-prefeito de Uberaba, a empresa está equivocada em sua decisão, visto que a cidade sempre foi parceira da empresa e a tem como referência, pois o município é destaque no agronegócio mundial, inclusive no segmento de fertilizantes. “Não aceito isso. Pra mim, que fui ex-prefeito, sou deputado pela cidade, fui presidente da Frente Parlamentar do Agronegócio essa decisão é uma punhalada nas costas. Estou com o prefeito Paulo Piau e vamos aonde for necessário para tentar rever esta decisão”.
Na mesma linha o ex-deputado Tony Carlos afirmou se sentir “agredido” com esta decisão, pois entende que o respeito e carinho que a cidade tem pela empresa, colocam-na “como uma coisa nossa” e, por isso, a nova unidade deve ser construída na cidade. “Mosaic é importante para Uberaba, para todos nós uberabenses, e deve valorizar isso”, disse.
Representando os vereadores, o presidente Luiz Dutra, afirmou que a Câmara está à disposição para discutir qual a necessidade da empresa para abrir a unidade em Uberaba. “A fábrica está aqui. Então a cabeça pensante, ou seja, a administração tem que ficar aqui também”, afirmou. Na mesma linha foi o vereador Samuel Pereira, lembrando que a cidade é parceira da Mosaic, mas que a decisão tem que ser revista.
Ao afirmar que Uberaba é a principal cidade do Sul de Minas no agronegócio e polo de agropecuária no mundo, Romeu Borges, presidente do G9, destacou que Uberaba recebe o passivo da empresa (chuva ácida, montanha de gesso), mas que quer receber o ativo também. “Ao invés de abrir uma unidade em outra cidade, vocês tinham que trazer para Uberaba uma Feira Mundial de Fertilizantes. Nós somos maiores. O que Uberaba representa para o agronegócio no mundo é indescritível”, afirmou.
O secretário José Renato Gomes, destacou o esforço do município para ficar com a gestão dos distritos, garantindo assim que quem está no local, tenha facilidade para fazer uma ampliação, pois tudo é feito na cidade. “Tudo que fizemos foi para garantir que o que precisassem fosse feito com agilidade. Nós estamos aqui dispostos a contribuir. E não vamos desistir. Por isso peço a reavaliação deste projeto, pois queremos a equipe nova em Uberaba e vamos dar condições para isso”.
O gerente da unidade de Uberaba, Elias Lima garantiu aos participantes que nada mudará na unidade de Uberaba, enquanto Paulo Eduardo, pediu desculpa pela nota. A empresa encaminhou uma nota à imprensa, explicando que nada mudará em Uberaba.
Independente de não prejudicar a atual unidade da empresa em Uberaba, o prefeito Paulo Piau afirmou que o que não está correto, é a cidade não ter tido a oportunidade de brigar pela implantação do projeto aqui. Ele lembra que Uberaba tem duas instituições de nível superior de medicina, mais de 20 cursos de engenharia, mais de 2 mil alunos no sistema S e, por isso, dizer que não há mão de obra é desconhecimento.
“Realmente não vamos perder impostos, nada disso. Mas queremos gerar mais empregos aqui e por isso vamos levar a diante esta questão. Não podemos aceitar que a empresa que tem sua principal fábrica na cidade, vai abrir um centro em outra”, disse Piau, entregando a Lima um documento assinado por todos os participantes do evento, explicando a indignação com a situação e pedindo a reavaliação do projeto.
O prefeito já está em negociação para uma nova reunião com a direção da empresa em São Paulo na semana que vem, e garante que irá em comitiva, pois o trabalho será feito de forma unida em defesa da cidade de Uberaba. “Se for necessário contestar os dados vamos fazer isso, pois levaremos os nossos. E é isso que Uberaba tem que aprender. Todos trabalhando em prol de um objetivo, pois mostramos força e união”, finalizou.
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